Nas últimas reuniões da CPI dos Fura-Filas, ficou claro que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) usou a reserva técnica de vacinas para imunizar seus funcionários administrativos, que não trabalham na linha de frente e, em muitos casos, que estavam trabalhando em casa, em regime de teletrabalho. A reserva técnica é uma cota de 5% de todas as vacinas que o Estado recebe e deve ser destinada aos municípios para reposição no caso de roubo, problemas com a temperatura no armazenamento, etc. Essas doses pertencem aos municípios e, caso não sejam usadas, devem ser novamente redistribuídas, de forma proporcional, para cada município mineiro.
“Acreditamos que a decisão do governo, sem consulta aos órgãos colegiados do SUS, portanto sem base legal, caracteriza um ato de fura-fila! O Estado não poderia se apropriar das vacinas que por direito pertenciam aos 853 municípios mineiros”, denunciou Ulysses Gomes.
A afirmação do uso das reservas técnicas foi feita pela diretora de Vigilância de Agravos Transmissíveis da SES, Janaína Fonseca Almeida, no depoimento que concedeu à CPI no último dia 4. Segundo ela, a decisão partiu do gabinete da SES. Ontem, a CPI ouviu o ex-secretário adjunto da SES, Luiz Marcelo Tavares, que era então o chefe de Janaína. Ele afirmou que a autorização partiu do departamento dela, que era responsável pela vacinação. “Como já disse aqui, o jogo de empurra não vai impedir que apuremos os fatos”, pontuou Ulysses.