A música ‘O inimigo tem asas’, que trata da epidemia de dengue e seu combate, deu ao Presídio de Varginha o primeiro lugar na segunda edição da Etapa Sul de Minas do Festival da Canção Prisional (Festipri), em São Lourenço. Em julho, será realizada em Belo Horizonte a Etapa Território Metropolitano do Festipri.
Participaram do evento de São Lourenço presos de 11 cidades do Território Sul, representantes de unidades da Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) e de Associações de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac’s).
Mais de 300 pessoas assistiram ao festival, no auditório do Colégio Imaculado Coração de Maria. Na plateia, estiveram parentes de presos, integrantes do sistema de justiça criminal e pessoas da sociedade de vários setores da sociedade local.
Vencedores
Os concorrentes foram avaliados nos quesitos letra, música, originalidade e interpretação, por um júri de dez pessoas.
Classificaram-se até o quinto lugar, pela ordem: Penitenciária de Três Corações, Presídio de Pouso Alegre, Presídio de Andradas e Presidio de Campos Gerais.
Os convidados acompanharam a música vencedora com palmas e rapidamente aprenderam o refrão: “O inimigo tem asas, mas podemos combater/Nem tudo está perdido, juntos podemos vencer/A vitória está perto, o vencedor será você/Não deixando água parada pro mosquito não nascer.”
A canção foi composta pelas presas Edlainy Fernandes Guimarães e Taciani de Barros Reis, que tiveram a ajuda do ex-detento José Roberto da Silva na criação da letra. Edlainy, que toca teclado, e Taciani, pianista, foram as intérpretes da música no festival.
“O professor de canto sugeriu pra gente usar um tema atual. Então, um dia, depois do almoço, dentro da cela, começamos a escrever. A proposta é alertar e conscientizar para os riscos do mosquito”, explicou a dupla.
O prêmio de melhor interpretação foi conquistado pela dupla de cantores Diego Esteffani Machado e Marcelo Paulo dos Santos, do Presídio de Itajubá.
Ressocialização
A superintendente de Atendimento ao Preso (Sape) da Seds, Louise Bernardes Passos Leite, diz que o Festipri é uma iniciativa especial dentro do conjunto de atividades que ajudam no processo de ressocialização.
“É um evento totalmente realizado por voluntários, movido pela boa vontade de pessoas da comunidade e com gastos mínimos para o Estado”, destaca a superintendente.
O coordenador-executivo do Programa Novos Rumos do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, desembargador José Antônio Braga, foi homenageado no Festipri, dando nome aos troféus entregues aos vencedores. Entre as atribuições do Novos Rumos está a promoção de iniciativas que favoreçam a ressocialização dos condenados.
Segundo o desembargador Braga, o Festipri é uma ação concreta e efetiva da Seds para transformar os detentos em pessoas melhores para as suas famílias e para a sociedade. “Foi um momento de carinho e afeto da comunidade em relação aos detentos e dos detentos para a comunidade”, ressalta.
Jurados
O júri do Festipri Sul de Minas foi composto pelo juiz da Vara de Execução Penal da Comarca de São Lourenço, Fábio Garcia Macedo Filho; pelo presidente da Comissão de Assuntos Carcerários da OAB_MG, Fábio Piló; a diretora pedagógica da Faculdade Victor Hugo, Leila Rubinsztajn Direzenchi; a advogada Daniele Junqueira; a professora do Curso de Direito da Faculdade São Lourenço Miriam Senise Lisboa; o professor da Escola de Música Erich Mathias, Tom Rodrigo; a empresária do ramo de hotelaria Solange Cabizuca; a gerente do Parque das Águas de São Lourenço, Vera Maria Vaz de Melo; o músico e compositor Zellito Alves e o professor de música da Apae de Caxambu, Júlio Carlos de Souza Nogueira.