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Mais da metade dos estudantes das universidades federais têm origem nas classes D e E

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Dois terços dos alunos das universidades federais que participaram espontaneamente da pesquisa que traçou o perfil socioeconômico dos estudantes têm origem em famílias com renda média de 1,5 salário mínimo, representando 66,19%. Este foi um dos dados apontados pela pesquisa divulgada pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) no mês de agosto, conforme repercutido pela Assessoria de Comunicação Social em Estudo aponta mudanças no perfil dos estudantes nas universidades, após cotas.

Os números demonstram uma significativa alteração no perfil dos estudantes, visto que se consideradas apenas as regiões Norte e Nordeste, o percentual de estudantes com perfil  no Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) atinge 76,09% e 76,66%, respectivamente. À época da primeira pesquisa, o total de estudantes com até 1,5 salário mínimo era de 44%, o que significa em um aumento de 50% de estudantes com perfil PNAES.

O levantamento contou com a participação de 130 mil discentes de 62 universidades federais, totalizando 146 tabelas com informações que retratam uma mudança expressiva, sobretudo, no que diz respeito à crescente utilização do Enem a partir de 2009, à adesão das instituições federais ao Sisu, à vigência da Lei das Cotas, a partir de 2013, e também aos novos campi implantados na política de interiorização das universidades federais.

Outro elemento importante é a renda per capita das famílias dos graduandos por região do país. No Nordeste, eles têm renda de R$ 710,00 em média. No Norte, R$ 716,00. No Sul, R$ 1.032,00. No Sudeste, R$ 1.050,00, e no Centro-Oeste, R$ 1.132,00. Média de R$ 916,00 por discente. Sendo o 1,5 salário mínimo (R$ 1.086,00), em 2014, quando este estudo foi realizado, os estudantes das universidades federais têm, em média, uma renda inferior ao teto do PNAES. Destes, percebe-se que os estudantes com maior vulnerabilidade são os da área de Ciências Biológicas, enquanto os estudantes das áreas de Ciências Sociais Aplicadas e Engenharias, as maiores rendas.

No quesito cor e raça, o relatório evidencia o impacto que a adoção de ações afirmativas, por meio da reserva de vagas, tiveram dentro das universidades federais. O destaque é o percentual de 47,57% de autodeclarados pretos e pardos, que mostra que a Lei das Cotas, sancionada em 2012, cumpre bem o seu objetivo. De acordo com dados do MEC, em 1997, o percentual de jovens pretos, entre 18 e 24 anos, que cursavam ou haviam concluído o ensino superior era de 1,8%; o de pardos, 2,2%. O baixo índice indicava que algo precisava ser feito.

Em números absolutos, de 2003 a 2014, os brancos eram em torno de 278 mil nas universidades, hoje são 429 mil. Os autodeclarados pardos eram 132 mil e, atualmente são 354 mil. Já os pretos que eram 27 mil, hoje são 92 mil, o que representa que o número de negros nas universidades brasileiras triplicou, nos últimos anos.

Durante entrevista coletiva, realizada em Brasília, no dia 18/08, a presidente da Andifes, Profa. Ângela Paiva Cruz (UFRN), afirmou que esta pesquisa contraria o argumento que as instituições federais de ensino superior são redutos da elite brasileira. “É o fim do velho mito. As nossas universidades hoje expressam melhor a composição social do país. A cara da universidade está cada vez mais a cara da sociedade brasileira. Uma universidade com maioria feminina e presença popular e negra”.

A presidente  disse ser necessário o reforço de políticas para dar continuidade à democratização do acesso e, sobretudo, garantias de assistência aos estudantes.

Na ocasião, Profa. Ângela falou que esses resultados de inclusão foram alcançados sem perda de qualidade. Por exemplo, a evolução no quadro de professores das Universidades Federais. De acordo com os indicadores, o percentual de professores doutores nas universidades teve um incremento expressivo nos últimos anos. Isso gerou uma ampliação também da pós-graduação.

HISTÓRICO

A pesquisa foi idealizada pelo Fórum Nacional de Pró-Reitores de Assuntos Comunitários e Estudantis (Fonaprace), da Andifes, e vem sendo realizada desde 1996, configurando-se como uma ferramenta importante para subsidiar a elaboração de programas e políticas educacionais para ações relacionadas a assuntos estudantis e comunitários, em nível regional e nacional.

A última pesquisa realizada foi em 2010 e teve a participação de estudantes de 56 instituições federais de ensino superior. Naquele ano, a pesquisa constatou que 43,74% dos alunos das universidades federais pertenciam às classes C, D e E; e que o percentual de estudantes de raça/cor/etnia preta aumentou de 5,9% em 2004 (período da pesquisa anterior) para 8,7%, em 2010.

O Fonaprace realizou o levantamento do perfil dos alunos da graduação três vezes: em 1996/1997, em 2003/2004 e em 2010.

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