CPI dos Fura-Filas

O Tempo – CPI dos Fura-Filas quer maior detalhamento das funções de servidores vacinados

A intenção é verificar quais poderiam realmente receber a imunização e quem de fato furou a fila

Os integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Fura-Filas, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), vão requerer ao Governo de Minas um maior detalhamento sobre as funções de cada um dos mais de 2.600 servidores que foram vacinados contra a Covid pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG). A intenção é verificar quais poderiam realmente receber a imunização e quem de fato furou a fila.

De acordo com presidente da CPI, João Vítor Xavier (Cidadania), somente uma investigação aprofundada poderá dar a dimensão da gravidade da situação. “Não é uma caça às bruxas. Temos que ver quem entre os vacinados realmente deveriam ser imunizados. Já recebemos denúncias de assédio moral, de pessoas que foram constrangidas para serem vacinadas. O papel da Assembleia é tratar isso com lisura e correção, para aqueles que não tiveram culpa não tenham seus nomes maculados”, afirmou.

Para ele, é grave que a SES-MG tenha enviado aos deputados um documento (com a lista de 1.800 nomes de servidores vacinados) ainda assinado por Carlos Eduardo Amaral, que foi demitido do cargo de secretário na noite do dia 11.

Naquele mesmo dia, o secretário passou por uma sabatina na Assembleia. Ele havia dito que ninguém em home office teria sido vacinado, mas a lista apresentada ontem mostrou 135 nomes de servidores que hoje estão em teletrabalho. “Ele não levou a Assembleia a sério, acreditou que falaria qualquer coisa e ficaria por isso mesmo. Agora ele tenta fazer remendos”, disse.

Também membro da CPI, Roberto Andrade (Avante) acredita que é preciso ter muita cautela na divulgação de listas com nomes de servidores, para não expor pessoas que podem não ter furado a fila. “Na lista existem pessoas responsáveis, servidores que vacinaram por determinação da chefia e quem que não têm como se defender. E tem um pessoal que sofre uma pressão muito grande no exercício do trabalho, como aqueles que trabalham com o transporte de pacientes”, afirmou.

Para Sávio Souza Cruz (MDB), o ideal é coordenar a apuração junto ao Ministério Público e a Procuradoria-Geral do Estado para “não refazer um trabalho que já esteja pronto”. “Precisamos ter informações sobre avaliações de risco de cada função, porque isso não aparece na lista fornecida. Teria sido natural se a secretaria tivesse criado um critério de avaliação de risco (para o contágio) para os servidores e publicado isso”.

Entre os deputados de esquerda, fica não apenas a expectativa de se descobrir quem furou a fila da vacinação, mas também realizar um amplo debate sobre os investimentos do Estado na saúde. Vice-presidente da CPI, Ulysses Gomes (PT) disse que “a avalanche de números de servidores vacinados demonstra falta de controle e transparência do Governo”.

“O objetivo geral da CPI não se restringe às denúncias dos fura-filas. O mais importante é averiguar as consequências da redução de investimentos em saúde por parte do governo estadual”, completou o deputado. Por lei, o Estado deveria investir 12% do montante arrecadado com saúde, mas em 2020 aplicou 10,75% na área.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da ALMG, Andreia de Jesus (Psol) avaliou que furar a fila da vacina é um dano contra a humanidade. “Temos informações de profissionais de saúde que até hoje não foram vacinados, porque foram enviadas poucas vacinas para municípios pequenos. Isso é um escândalo e apenas contribui para a desconfiança que as pessoas têm sobre a política”, disse.

A reportagem tentou contato com o ex-secretário Carlos Eduardo Amaral, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.

FONTE: O TEMPO

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