A pesquisa brasileira sobre a tecnologia digital de quinta geração, 5G, foi tema de discussão em um fórum global realizado nesta semana em Roma, na Itália. Liderada por um professor de Santa Rita do Sapucaí, no Sul de Minas, a equipe de pesquisadores que representou o país em um dos painéis de debates, apresentou a necessidade de investimentos em uma rede móvel de conexão com a internet mais eficiente e que atenda moradores de áreas mais distantes de centros urbanos.
O 5G promete entregar uma velocidade de conexão com a internet até 20 vezes superior à oferecida hoje pelo 4G. Mas o potencial de serviços da tecnologia é bem maior do que o alcançado até então. Especialistas avaliam que apenas por meio da quinta geração digital é que os projetos de internet das coisas (em que qualquer função do dia a dia pode ser ativada por um simples comando e de forma interligada) sairão totalmente do papel.
Testes para protótipo de antena 5G são feitos no laboratório de tecnologia de Santa Rita do Sapucaí
Futuro hiperconectado
“Hoje a internet está voltada apenas para a vazão, que é a velocidade dos dados. Queremos agora desenvolver soluções para ultrapassar a última barreira que temos, que seria a área rural”, explica Luciano Leonel Mendes, professor e coordenador do Centro de Referência em Radiocomunicações (CRR), localizado no Instituto Nacional de Telecomunicações (Inatel), em Santa Rita do Sapucaí (MG), e que ficou responsável, como representante da equipe brasileira, de apresentar o resultado das pesquisas locais em torno do 5G.
“Se você analisar o período entre o 2G, que é a primeira tecnologia digital, até o 4G, aumentamos a velocidade com que os dados são fornecidos, mas não tivemos uma abertura para novos serviços. Os serviços de bate-papo, por exemplo, melhoraram, mas, essencialmente, continuaram os mesmos, não há uma tecnologia diferente. O 5G vai trazer serviços e funcionalidades que não foram vistos ainda”, disse Mendes.
Segundo o pesquisador, a quinta geração digital vai comportar várias conexões ao mesmo tempo, com uma constância maior no fornecimento de dados. Atualmente, o sinal costuma oscilar e apresentar falhas no tempo de resposta entre aparelhos de acesso à internet e a torre de transmissão.
“Nós estamos concluindo o segundo ano de atividades e, nesse que fórum global sobre o tema, a gente lutou para incluir um modo de operação que seja capaz de romper com a fronteira do acesso a áreas remotas. Não há nenhuma ação global para colocar essas pessoas na era digital”, observa o professor. “Daqui do CRR, nós desenvolvemos e articulamos todo esse desenvolvimento do 5G no Brasil, junto com USP, PUC Rio, CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e o MCTIC [Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações].”
“A expectativa é encerrar o nosso trabalho até o final de 2017 para que ele esteja acessível a partir de 2020. Nós já temos uma concepção teórica do que tem que ser esse sistema de quinta geração, para atender essa demanda de longo alcance, e nós estamos agora na fase de prototipagem. Nós estamos esperando uma prova de conceito, que é um equipamento (uma estação rádio-base, uma torre de celular), nos terminais de assinantes, que funcione de acordo com essa nova tendência”, explica Mendes.
Ainda de acordo com o professor, nesse meio tempo, o CRR realiza, em parceria com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), cursos e workshops de apresentação da tecnologia 5G. “Porque a nossa função aqui no centro, dentro do projeto nacional, também é capacitar profissionais para lidarem com os avanços que virão com a quinta geração digital.”
Fonte: G1.com