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Queremos importar o risco de fracasso?

Vender a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) é uma das obsessões do governador Romeu Zema. “Esse obstáculo chamado Cemig, que esqueceu o motivo pelo qual existe”, declarou ele em entrevista recente, sem demonstrar nenhuma preocupação com o risco de desvalorizar um dos patrimônios mais estratégicos de Minas, num possível processo de privatização.

Embora muito preocupante, o risco de desvalorização não é o único, mas apenas o primeiro. Queda na qualidade dos serviços, contas de luz ainda mais caras e demissões em massa têm sido comuns em regiões que tiveram suas companhias energéticas privatizadas. Há casos de fracasso nos estados de Goiás, Rio Grande do Sul e Piauí, por exemplo.

A italiana Enel, que comprou a Companhia Energética de Goiás (Celg) e é uma das possíveis interessadas na Cemig, foi considerada a pior distribuidora de eletricidade do país no ano passado, de acordo com ranking da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A empresa se manteve na lanterna pelo 5º ano consecutivo, além de somar 26 horas de apagões em Goiás no período (mais que o dobro da 2ª colocada). O governador goiano acusa a Enel de remeter todo o lucro anual, de R$ 1,5 bilhão, para Roma.

No Rio Grande do Sul, onde os setores público e privado atuam na área energética, a estatal Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) foi, no ano passado, a companhia que menos recebeu reclamações de consumidores e que teve mais agilidade no atendimento de emergências. Na comparação com a empresa privada Rio Grande Energia (RGE), a CEEE foi mais eficiente no deslocamento (29 minutos contra 144), na preparação (290 contra 386) e na execução (51 contra 90).

Outro exemplo malsucedido atinge os trabalhadores piauienses, após a privatização da Companhia Energética do Piauí (Cepisa), substituída pela Equatorial Piauí. Dos 2.150 funcionários da antiga companhia, já foram demitidos pelo menos 950 (44%). Segundo o Sindicato dos Urbanitários do Piauí, a empresa privada tem fechado agências de atendimento em todo o estado, forçando os usuários a fazerem suas solicitações e reclamações apenas por telefone.

O lema de Zema é “Governo diferente, Estado eficiente”. Mas insistir no erro, importando de outros estados e países todo esse risco de fracasso, não é coisa de gestor competente.

Ulysses Gomes – Deputado Estadual

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