A ex-primeira-dama e esposa do presidente Lula, Marisa Letícia Lula da Silva, faleceu, aos 66 anos, vítima de complicações após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) hemorrágico. Ela estava internada no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, desde 24 de janeiro, onde teve a morte cerebral confirmada na última sexta-feira (03).
O deputado estadual Ulysses Gomes esteve presente no velório, ocorrido no sábado (04) no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP): “Acompanhei a comitiva mineira com o Governador Pimentel para solidarizarmos com nosso presidente Lula. Mesmo naquele momento de tanta dor ele não deixou de nos surpreender: recebeu a todos nós com um abraço fraterno e lembrou de cada um. Pediu que tirassem as grades e deixassem o povo passar ao lado do caixão. Mostrou mais uma vez, como sempre, sua força, sua sensibilidade, seu carinho e sua dor. Mostrou ser o Lula que nós conhecemos e amamos mesmo num momento tão difícil”, comentou Ulysses.
“Dona Marisa foi uma mulher guerreira, companheira e que sempre lutou por um país melhor! Que ela descanse em paz e que seu legado em defesa da vida, do povo brasileiro, das mulheres seja defendido por todos. Que a verdade prevaleça e que nosso Senhor Deus abençoe nosso presidente Lula para superar todos os obstáculos com muita força e saúde. Que o respeito, a dignidade humana e a solidariedade vença o preconceito e ódio”, finalizou o deputado.
A história de Marisa
Marisa teve uma longa e rica história de vida. Filha de agricultores de ascendência italiana, nasceu em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. Ainda criança, se mudou com a família para o centro da cidade onde trabalhou como babá e também embalando bombons em uma fábrica de chocolates.
Se casou pela primeira vez aos 19 anos, mas o marido foi assassinado a tiros em uma tentativa de assalto poucos meses depois, deixando Marisa grávida do seu primeiro filho, Marcos. Ela conheceu Lula, também viúvo, em 1973, no Sindicato dos Metalúrgicos da cidade. Os dois começaram a namorar e casaram-se menos de um ano depois.
Marisa acompanhou Lula em sua vida política desde o início. Em 1980, o sindicato foi tomado pelos militares, e Marisa transformou a própria casa em uma sucursal, atuando como secretária e recebendo os políticos e demais visitantes.
Ainda em 1980, em plena ditadura, quando Lula e vários sindicalistas foram detidos no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) devido às greves, Marisa liderou uma marcha só com mulheres em protesto pelas prisões políticas. Centenas de mulheres, todas cercadas por policiais, tanques e cavalaria, participaram do movimento.
Nesse mesmo ano, foi fundado o Partido dos Trabalhadores, e Marisa costurou a primeira bandeira do PT. “Eu tinha um tecido vermelho, italiano, um recorte guardado há muito tempo. Costurei a estrela branca no fundo vermelho. Ficou lindo”, comentou Marisa em entrevista. Na época, ela também estampava camisetas com a estrela para arrecadar fundos para o partido, chegando a cadastrar as pessoas na rua, convencedo-as da importância de montar um partido dos trabalhadores.
Em 1º de janeiro de 2003, tornou-se primeira-dama com a eleição do presidente Lula. Marisa teve três filhos com ele: Fábio, Sandro e Luis Cláudio, além do filho do primeiro casamento, Marcos, e da enteada Lurian, filha do primeiro casamento do presidente. Costumava dizer que foi pai e mãe dos filhos, a quem se dedicou enquanto o marido avançava na vida pública. Cuidava sozinha do apartamento em que a família vivia em São Bernardo. Lula e família autorizaram a doação de órgãos de Marisa e seu corpo foi cremado no cemitério Jardim da Colina, também em São Bernardo.